Não
acredito em sonhos. Para mim sonhos são bobagens e perca de tempo.
Essa
era a frase que eu mais usei em toda minha vida, mas quis o destino que a
deixasse para trás.
Vocês
nem devem estar entendendo, mas eu vou explicar desde o principio. E ante que
eu me esqueça meu nome é Anne Cristal.
Morei
em um orfanato até os meu 4 anos de vida, sabe Deus quem me abandonou, só sei
as história das pessoas que trabalhavam lá, e basicamente me encontraram dentro
de uma cesta na porta do orfanato. Como toda criança que mora em um orfanato eu
tinha um sonho de ter uma mamãe e um papai, o orfanato não era ruim tinha meus
amiguinhos e os empregados que eu chamava-os de titia e titio, mas a vontade
mesmo era uma mamãe, papai, irmãozinhos e um cachorro a típica família perfeita
e feliz. Este fora meu sonho até os 4 anos, rezava todos os dias.
Então
em uma manhã que chovia muito, chegava a relampear (só pra constar eu morria de
medo de chuva, achava que era algum sinal ruim, e dessa vez realmente era), a
diretora mandou chamar as meninas da faixa de idade entre os 3 e 5 anos.
Rapidamente coloquei minha melhor roupa e fui torcendo para ser adotada. O Sr.
juntamente com a Sra. Vieira passaram a manhã com nós. Quando faltava pouco
para as 11:00 eles juntos com a diretora, anunciaram que eu fui a escolhida, da
para acreditar que Eu fui a escolhida, dei um pulo para o alto e fui correndo
em direção ao meu novo papai e da minha nova mamãe, e abracei as pernas deles,
e eles me trataram com frieza, na hora estava tão feliz que nem percebi, ou
ignorei. Com ordens sobre mim fui correndo para o meu, agora era meu antigo
quarto, e juntei minhas coisas, eram poucas, não tinha quase nada, em 15
minutos tudo já estava pronto. Papai e mamãe só terminaram de assinar alguns
papeis e seguimos para a nossa, sim agora eu podia dizer nossa casa, eu
finalmente tinha uma casa.
Durante
todo o percurso dentro do carro, nós ficamos calados, ou melhor, dizendo eles
cochichavam e eu me esforçava para ouvir em vão. Depois de um tempo resolvi
aceitar que não conseguiria ouvir, e fui observar a paisagem, raramente eu saia
do orfanato e achava incrível o movimento da cidade.
O
meu primeiro e talvez maior sonho estava realizado, o que eu não sabia é que
ele viraria um pesadelo.
Deixa-me
fazer um resumo do que aconteceu comigo até os meus 12 anos.
Papai
e mamãe só sabiam trabalhar nunca cuidava de mim, ainda quem cuidou de mim foi
a babá que se chamava Celia. Não éramos ricos, mas tínhamos uma condição
financeira boa e para recompensar a ausência eles me davam tudo o que eu
queria, porém eu não pedia muitas coisas afinal eu não era ambiciosa. Sempre fora
frios comigo desde do dia que me adotaram. Como não sabia o dia do meu
aniversario eles consideraram o dia que me adotaram. Só que nunca comemoraram,
pagava pra mim fazer o que quisesse, mas nunca estava comigo. E assim tive oito
anos de sofrimento. Para piorar ainda teve uma traição, dos meus pais a essa
altura eu esperava o que fosse, só que essa traição veio de uma pessoa que eu
jamais pensei que poderia fazer isso comigo: até então ela era minha melhor amiga
que se chamava Ana, nós não éramos popular na escola alias éramos consideradas
as “estranhas”, e para poder andar com as “pink’s” (grupinho de meninas que só
sabia desmemoriar os que estavam ao seu redor e se achava as populares), as
ajudou a me humilhar na frente de toda a escola.
Só
que o pior de tudo foi que eu tive vários sonhos, construí e lutei por cada um,
porem foram destruídos e os que eu conseguir realizar trouxeram consequências horríveis.
E
foi aos 12 anos que eu resolvi fugir de casa, talvez o azar da minha vida
fossem meus queridos e adoráveis pais.
Mudei-me
de cidade, de escola, arrumei um trabalho, mudei minha vida completamente.
Estava
feliz, estava construindo e realizando sonhos. E na nova escola finalmente eu
estava me enturmando, não era exatamente popular, mas tinha amizades, e dessa
vez tomo muito cuidado ao escolher quem anda comigo para não encontra outra Ana
na minha vida.
Podia
parecer fácil, mas não era, uma criança de 12 anos se virar no mudo sozinha. Mas
eu realmente estava me sentindo realizada, e aqueles cidadãos que se diziam
serem meus pais vieram uma vez atrás de mim, nem tive trabalho para dizer que
não ia voltar para casa, depois sumiram no mundo, pelo menos do meu mundo.
E
dois anos rapidamente se passou, sem muitos acontecimentos importantes. E com
eles chegaram meus 14 anos, adolescência, um mundo com muitos assuntos novos, hormônios.
E naquele ano entrou um menino super gato na escola ele se chamava Wallyson, e
nem preciso dizer que ele era o popular e que qualquer menina da escola dava um
braço e uma perna para ficar com ele. E eu admito que ele me encantou, afinal não
era de ferro mas não me mataria por ele afinal tinha sonhos a realizar e não me
desviaria deles, mas em minha lista de sonhos também tinha um príncipe encantado,
e eu esperava de coração que ele fosse meu príncipe, mas sabia que ele nunca me
notaria já que vivia no meu canto. É esse paragrafo ficou bem confuso ora
queria, ora não, minha cabeça também estava confusa.
E
um dia em que eu estava concentrada em um livro Wallyson chegou com o seu
sorriso mais perfeito e veio falar comigo, quase desmaiei de emoção. E os dias
foram passando e todos os dias nós conversamos, cada dia ficava mais encantada
por ele. Ele era incrível... me deixava sem ar. Em alguns dias começamos a
namorar. E o que achava que era mais um sonho, começou virar uma tortura, ele
me pressionava para podermos ter relações sexuais, e eu sabia que não estava
pronta, sentia que ainda não era a hora, com essa minha negação ao que ele
queria, vieram as brigas e o namoro foi desgastando. E eu pedi um tempo, o que
o deixou irado, mas eu estava decidida.
E
ai eu senti mais uma vez a dor de ver um sonho destruído. So que minha decepção
com Wallyson não acabou por ai eu descobri que tudo não passava de uma aposta ridícula
que ele fizera com seus amigos que me levaria para cama. Pena que ele perdeu.
Passaram
alguns meses e neles eu não andava entusiasmada, ficava no meu canto, falava o necessário,
alguns diziam que eu estava com depressão, mas na verdade eu só não queria
sofrer por causa dos outros.
Eram
dez da noite quando eu saia de uma biblioteca publica, fazia um trabalho enorme
de física, odiava aquele professor, odiava aquela matéria, mas não vamos falar de
física, melhor voltar a trágica história da minha vida. Enfim naquela noite para
ir para casa tinha que passar por um beco escuro, morria de medo, lá iam
pessoas para usar “baseado” de repente me apareceu Wallyson, por um lado me
senti mais protegida com ele ali. Ele me levou para um canto mais afastado,
mais ainda no beco,, fiquei apavorada quando ele começou a me beijar e deu para
perceber que ele tinha bebido, tentei de tudo mas não conseguir escapar. Ele usou
sua força bruta para me abusar. E ali naquele horrível lugar fui estuprada.
Foi
horrível, vamos pular de parte, porque isso realmente me deixa mal. E aquele
ato deixou uma consequência (além do meu trauma), me deixou gravida.
Eu
sabia que a criança não tinha culpa de nada, era meu filho. Devia ama-lo,
cuidar enfim ser uma mãe. Porem durante a gravidez eu não tive todo amor, tinha
um carinho especial, mas não o amor de mãe. Passei nove meses pensando o que eu
faria. E quando nasceu tomei uma decisão, não podia cria-la. Então com muita
dor peguei minha menina no colo (sim tinha nascido uma menininha) e arrumei e
fiz o mesmo que meus pais fizeram, coloquei a criança dentro de uma cesta e
levei para um orfanato. Porem deixei algo a mais, uma carta com o nome dela que
era Melanie, e na carta perdia perdão por deixa-la.
Ninguém
desconfiara de nada, ninguém sabia que eu estive gravida.
E
foi nesse dia aos meus quinze anos que desisti dos sonho e declarei que meu
lema seria: Não acredito em sonhos. Para mim sonhos são bobagens e perca de
tempo.
A
partir daquele dia não deixei ninguém mais pisar em mim, não tinha sonho, tinha
metas e ia realiza-las, causasse dor a quem for eu iria cumpri-las. Ninguém se
atrevesse a falar em sonhos perto de mim. Estudei e me formei em uma das
melhores faculdades de jornalismos do Brasil, e com muito sacrifício eu tinha
abrido uma editora de sucesso. Passei todos os dias de minha vida me dedicando
100% ao meu trabalhos. Às vezes me pegava pensando na Melanie, mas logo ia
trabalhar para ocupar minha mente. Eu era uma mulher de sucesso tinha a vida
que sempre quis e que todos também queriam ter, eu era a Anne Cristal, muitos
queria estar em meu lugar, mas eu não era feliz, tentava me convencer que era,
mas eu sabia que não. E em questão da minha editora publicávamos de tudo, menos
sonhos não publicavam nada que tivesse relacionado a sonhos.
Assim
se passaram 15 anos eu usando o meu lema, e agora eu tinha os meus 30 anos.
Hoje
tenho um jantar importante, com os donos da editora Rubra, estamos pensando em fazer
uma parceria, só não sei se dará certo, afinal os livros deles tem muitos
sonhos, muito romance, mas enfim vamos logo para esse jantar.
Ao
chegar na casa deles, eles mesmo vieram me receber na porta foram muito educados e tudo mais, fomos a sala de jantar
e ao chegar lá tive uma surpresa, tinha uma menina muito linda, apresentava ter
uns 15 anos e me lembrava na adolescência, logo ela veio falar comigo e tive
uma emoção repentina, mas logo me retratei e a cumprimentei, e o casal Rubra
nos apresentou e disse que o nome dela era Mel, o mesmo nome de minha filha. Estava
em choque, mas não demostrei e fomos jantar. No jantar começamos a tratar de negócios
e não estava gostando dos gêneros dos livros, até que Mel que nos acompanhava
no jantar se pronunciou com lindas palavras, e me fez repensar sobre a
parceira. O jantar logo acabou e fui para minha casa. Passei a noite pensando
no que Mel tinha me dito, e resolvi que ao amanhecer ligaria para eles para ver
o que seria feito. E assim fiz, porem apenas a Natalia Rubra ia poder ir,
combinamos de se encontrar na minha empresa.
Naty
chegou no horário combinado e começamos com a nossa reunião, não sei com, mas
aceitei a fazer um livro sobre sonhos. Mas o que realmente me interessava era
falar sobre Mel e sem muitas enrolação disse a Naty: Mel é muito linda, e me
parece ser gente boa e inteligente, deve ser um orgulho de filha, mas ela não
me parece muito com vocês, fora as outros perguntas que fiz sobre Mel, e
resumindo Naty disse o seguinte: Realmente a Mel é encantadora, ela não se
parece conosco pois ela é adotada e sua mãe biológica deixou apenas uma carta,
amamos ela desde que vimos ela pela primeira vez... Naquele momento tive
certeza que Mel era a minha filha, a filha que eu tinha abandonado tudo se
encaixava e ela parecia muito comigo e tinha uns traços do desgraçado de
Wallyson. Enfim aquela reunião acabou.
Passaram
alguns dias e não conseguia tirar aquela história da minha cabeça, um dia que
eu estava muito atarefada morrendo de dor de cabeça, Mel veio em minha cabeça,
decidida larguei tudo que tinha a fazer e fui à casa dos Rubras. Tive uma
conversa seria com o Denis e com a Naty, eles ficaram surpresos e mandaram
chamar a Mel em seu quarto. Quando ela chegou à sala eles se retiraram e me
deixaram a sós com ela.
Acho
que aquele momento foi o que eu tive mais medo em toda a minha vida, depois de
tentar enrolar o máximo, ela pediu que fosse direto ao ponto respirei fundo e
comecei a contar a história em meio a varias lagrimas, ela ficou em choque com
tudo que acabara de descobrir, nesse momento ela chorava tanto ou mais que eu,
e ela me disse uma frase que me deixou supressa e com o coração mole: “Te amo mamãe”.
Ela tinha me aceitado como mãe, tinha me entendido,, nem sei como explicar o
que estava sentindo naquele momento.
Com
o passar dos dias eu e Melanie fomos nos conhecendo melhor, e nos aproximando
mais, só que ela ainda mora e pretendia morar com os Rubras. Ela me fez ver a
vida colorida novamente, ter sonhos, ela me fez a mãe mais feliz do mundo
inteiro. Mel tinha sempre uma palavra sabia a me dizer. Daquele dia aprendi o
que é viver, o que é ser feliz, aprendi o que é sonho.
Vocês
ainda lembram-se do livro da minha editora em parceria com a Rubra Editora,
vocês acabaram de ler um resumo dele, obrigado por me deixar compartilhar
minhas palavras.
Freitas,
Michelle
11/08/14
– 00:10
Juazeiro
do Norte – Ceará – Brasil